sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Comentário do Idelfonso Barbosa

Cláudio Luiz Simão
Pelo nome é bem provável que poucos haverão de saber de quem se trata. Porém, ressaltando o orgulho que carrega dentro do peito por ter atuado no time da antiga Vila Vera Cruz, hoje bairro, que lhe viu crescer, é provável que um número considerado de desportistas o identifique como Cóia, apelido que a vida toda lhe vale mais que o próprio nome.
Quando adolescente, estudou no “velho” Internato de Candelária, onde calçou seu primeiro par de chuteiras ao participar, apesar dos seus 16 para 17 anos, com o grupo principal do E.C. Juventude de partidas amistosas.
Depois veio o serviço militar, para após ter uma passagem significativa pelo Gaúcho Riograndense, time que também fez história em Sobradinho e região. Logo, influenciado por amigos, se viu defendendo o Fluminense de Arroio do Tigre, disputando lá sua primeira competição oficial, o Estadual de Amadores, promovido pela Federação Gaúcha de Futebol.

Sílvio Luiz Gonçalves da Silva, o Zezeu, assim o descreveu:
“Enquanto atleta, Cóia foi um misto de Ademir da Guia e Mauro Galvão”.

Considerando a época, – meados de Junho de 1969 – e com apenas 21 anos (foto), não tenho dúvida que trocar o Esporte Clube Fluminense pelo Atlético Esportivo Sobradinho foi, no mínimo, uma atitude corajosa daquele que, na década de 70 provavelmente tenha sido o lateral direito, às vezes zagueiro, mais elegante que passou pelo Estádio Tiradentes.
Tipo alto e delgado, que desarmava os adversários com uma lisura fora dos padrões daquele tempo – depois dele, acredito que o Lelinho fez semelhante – sendo o contraponto à maioria de seus companheiros de equipe menos providos de habilidades com a bola do jogo.
Era encarado como normal o time que mais “batia” ser considerado o favorito, num nostálgico tempo onde havia unanimidade de que o futebol era coisa para homem. Por isso, o “pau” correr solto nos 90 minutos das “batalhas” fazia parte da rotina, até porque vivíamos em pleno regime militar e, sugestivamente, também no esporte, a lei do mais valente teria que prevalecer.
Mas, contrariando os “mandamentos” vigentes, o Cóia teimava em ser leal, sem nunca se acovardar. Coragem nunca lhe faltou. Aliás, vestir a camisa de um Atlético, Gaúcho, Farroupilha e Fluminense de Arroio do Tigre, Flamengo de Tamanduá e Internacional do Segredo, era sinônimo de ousadia.
Conforme ele próprio afirma, ingressou no Atlético convencido de estar fazendo a melhor opção, por Lucínio Guilherme Lazzari, numa das inúmeras vezes em que o saudoso “Velho Pú” esteve na condição de treinador do alvinegro do Bairro Baixada, tempo em que o clube era presidido pelo Dr. Nilson Bridi.
Hoje, dono de 60 anos, e apesar de ter praticado o futebol numa época, talvez, antes do seu tempo, não própria para toda a sua habilidade e perspicácia, o Cláudio Luiz Simão anda por ai, incólume, entre Santa Cruz do Sul e Sobradinho, com toda a elegância e simplicidade que Deus lhe deu, e tão esguio quanto naqueles inesquecíveis tempos dos nossos clássicos regionais.

Positivo da Semana
Sem dúvida o encontro dos destaques da Série Prata 2008, promovido e organizado pelo Blog do Papito.
Negativo da Semana
Lamentavelmente, outra vez, o título do Campeonato Brasileiro ser “oferecido de bandeja” aos paulistas.

4 comentários:

Anônimo disse...

O Dr. Nilson Bridi, citado no comentário, faleceu ontem (quinta-feira) aos 77 anos, em Caxias do Sul onde à muito havia fixado residência.

Anônimo disse...

SE OBSERVADAS TODAS AS DIFERENÇAS DE ESTRUTURAS E CONSIDERANDO TUDO O QUE PRODUZIAM, APESAR DAS CONDIÇÕES IMPOSTAS PELO FUTEBOL AMADOR DA ÉPOCA. TANTO O CÓIA, QUANTO O LELINHO, A EXEMPLO DO ADEMIR DA GUIA E DO MAURO GALVÃO, MERECIAM SIM OPORTUNIDADES EM TIMES PROFISSIONAIS, QUE SEM DÚVIDA, AMBOS TERIAM SUCESSO GARANTIDO. EM QUALQUER TIME DO MUNDO.

Anônimo disse...

Ildefonso, voce realmente é um cara de visão, que entende do ser humano e com isto faz teus comentários sobre pessoas fantásticas, como este jovem CÓIA. Eu conheço bem a fundo a vida e a história deste rapaz. Humilde como ninguém, sério como poucos, teve uma vida dura na juventude, trabalhou em lugares que muita gente boa não faria, por orgulho, ele sempre em frente ,comfiante. Sua humildade é contagiante, hoje um homem bem de vida, fruto de seu esforço profissional, anda de cabeça sempre erguida, um amigo como poucos, juntamente com o meu querido amigo Bira Turcato( Negrão) para os mais familiares. Quem vai a Sta.Cruz, sempre estão juntos, esta amizade eles tem desde garotos, ela será eterna com certeza. O Cóia como jogador foi para mim um zagueiro completo, duro quando era preciso, craque, elegante, leal, um Figueroa dos pampas. Um homem vencedor, um grande Homem, um grande amigo, um exemplo para muitos, de que nada nada é impossivel quando a gente tem fé,coragem, moral. O Cóia é tudo isto. Um abraço.Airton Hamann.

Anônimo disse...

Airton! Muito obrigado pelas tuas palavras.
Tenha a certeza que estes tipos de críticas - sérias - nos dão suporte para continuarmos nosso trabalho, e, a certeza da nossa responsabilidade, que a cada manifestação só vem a aumentar.
Um grande abraço à ti e aos teus, um Natal cheio de paz e alegrias e um extraordinário Ano Novo!