sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Comentário do Idelfonso Barbosa

De Leon
Uns são craques pela sua habilidade natural, outros pela persistência, força de vontade e principalmente porque entram no campo de jogo determinados a resolver todo o tipo de situação. Da mesma forma que o craque, estes também sempre serão indispensáveis.
Antônio Vicente Linassi. No futebol simplesmente Vicente, ou ainda, “De Leon”, como era carinhosamente chamado pelo “Velho Pú”, saudoso treinador do Atlético, numa referência ao zagueiro Hugo de Leon, que no início dos anos 80 fez história no Grêmio Futebol Porto Alegrense. Uma única coluna é pouco para descrever os incontáveis e controvertidos pontos de sua passagem pelo esporte regional, quer seja no futsal quanto no futebol de campo.
Dado a sua extensa biografia, resolvi narrar apenas um acontecimento que, por sinal, presenciei, da longínqua carreira daquele que, normalmente, não dividia a bola do jogo com o adversário. Ele simplesmente resolvia a parada do seu jeito ou do jeito que desse, até porque o “Vicentão” não era homem de “perder viagem”.

Airton Hamann outro dia afirmou: “Eu tive, como poucos, o privilégio de ver e jogar, como juvenil do Atlético, com estas feras do Futebol, tanto de salão quanto de campo...”

E, entre tantos citados, lá estava o nome do Vicente.
Vamos ao fato: Jogo pelo campeonato estadual, no Estádio Tiradentes, era o primeiro compromisso oficial do Atlético naquela temporada e o Vicente já estava em fim de carreira, mesmo assim não gostava muito, como qualquer um, de ser substituído em meio às partidas, e, antes, ele ouviu o treinador confidenciar a alguém que um novo zagueiro – Gildo Mai – naquele dia iria estrear, entrando no decorrer da partida para atuar ao lado de outro recém-chegado, o zagueiro Serginho – Sérgio Röehrs – que acabara de assumir a condição de titular. De bate pronto, o Vicente entendeu a “mensagem”. Estava fadado a não terminar aquele jogo, e isso era o que ele menos desejava. Mas, o “De Leon” haveria de arranjar uma saída honrosa para aquela situação. Como a vida toda ele defendera o Atlético vestindo a camisa de número três, logo, se ele naquela tarde vestisse uma camisa diferente, era possível que o técnico, que já não enxergava mais tão bem, viesse a se atrapalhar no momento de substituí-lo. E não deu outra. Dez minutos de jogo e 1x0 para o adversário. Era tudo o que o “Velho Pú” precisava para sacar do time o experiente zagueiro central. Então, chamou o reserva Gildo, dizendo: Aquece, te apresenta na mesa e informa que tu vai entrar no lugar do 3. Prontamente o estreante respondeu sim senhor, e foi para a beira do gramado, entrando a seguir no jogo.
Passados uns dez minutos daquela substituição, o treinador ouviu alguém no campo de jogo chamar pelo nome do Vicente e ficou inconformado ao se dar conta de que havia substituído o Serginho, e não o “De Leon”, haja vista que naquela partida este usou, quem sabe a primeira e última vez no Atlético, de maneira propositada, a camisa 4, e não a costumeira número 3.
O Vicente, enquanto atleta foi assim, irreverente, mas nas imediações da grande área se transformava no “xerife”. Como diria o seu Lucínio, era o próprio Hugo de Leon.

Positivo da Semana
O impressionante alto-astral da nova diretoria do Atlético, verificada por ocasião da posse na quinta-feira dia 15/01.
Negativo da Semana
A tragédia com a delegação do Brasil de Pelotas no retorno de uma partida preparatória ao Gauchão da Série A.

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